A Verdade deve ofuscar gradualmente Ou cada homem ficará cego
Preciso ser um outro para ser eu mesmo
Foi para ti que desfolhei a chuva para ti soltei o perfume da terra toquei no nada e para ti foi tudo
Longe os homens afundam-se
Fui sabendo de mim por aquilo que perdia
pedaços que saíram de mim
morre-se tudo quando não é o justo momento
e não é nunca esse momento
à ternura pouca me vou acostumando
E toco-te para deixares de ter corpo e o meu corpo nasce quando se extingue no teu.
O amor nos condena
A mim foste mais bálsamo porém do que as curas balsâmicas que tem.
Perguntaste se eu amo o meu amigo?
Como é que a solidão hei-de ir medindo?
É por sermos iguais que nos esquecemos Que foi do mesmo sangue, Que foi do mesmo ventre que surgimos.
Não eram meus os dedos que tocaram Tua falsa beleza, em que não vi
Nossos corpos pensantes se entrelacem
Meu perfume de tudo minha essência
Dói-me o sangue vencido a nódoa negra punhada no meu canto.
Homem é quem anónimo por leve lhe ser o nome próprio traz aberta a alma à fome
É por dentro desta selva desta raiva deste grito desta toada que vem dos pulmões do infinito que em todos vejo ninguém revejo tudo e redigo: Meu camarada e amigo.