Hoje o mundo venera todo o destemido pateta que faz pouco de si
Não te quero dar mais esperança E a alegria não é tanta E há dias que não são dias
E quanto mais me rodopias Menos culpo a alegria da tristeza que me faz
E acaso te beijei um dia Foi um beijo que me escapou da boca E andou a noite toda a fazer o que eu não queria
Ó meu rapazinho, ai eu digo assim: "- Se não me seguram dou cabo de ti!"
Dizem que é mau, que faz e acontece, arma confusão e o diabo a sete. Agarrem-me que eu vou-me a ele nem sei o que lhe faço... desgrenho os cabelos esborrato os lábios. Se não me seguram dou-lhe forte e feio: beijinhos na boca, arrepios no peito. e pagas as favas eu digo: - "enfim, ó meu rapazinho és fraco pra mim!"
Foi com dois selos e um carimbo Bem assentes no focinho Que este amor eu anulei.
Que o amor que eu lhe pedia A lei não mo consentia O destino também não Só um amor a recibos Com dois selos e um carimbo Tinha a sua aprovação
E era um amor sem recibos Sem selos nem carimbos Que eu lhe fui solicitar Mas o notário funcionário Negou o amor arbitrário De que eu era titular
Eis aqui um inventário Do meu caso com o notário Esse tal que um dia amei Entre arquivos e armários Era ele o usuário De uma coisa que eu cá sei
Proibissem a saudade de cantar, Havia de ser bonito…
e acaso alguém te agarrar, diz que não andas sozinho que és esperado no teu lar.
Só resta esperar que ele repare No meu triste e frio olhar Que eu adio a saida.
Entra sempre em Campolide Vem sentar-se à minha frente E algo me diz que ele anda triste Pela forma como insiste Em olhar-me indiferente
Óh!, mas ainda não sou Deus P'ra reinar nos olhos teus Que veneram o Divino
Como é milagre, Diz quem sabe, Eu não sei!
Ai contado ninguém acredita!
E quando a guarda apontou Fui eu quem o abraçou Que o nosso amor é clandestino
Era meia-noite E o meu amor tardava
O combinado é não esperar Que o nosso amor é clandestino
Ai, eu não sei aonde ele está
A noite vinha fria Negras sombras a rondavam Era meia-noite E o meu amor tardava