Era doce a solidão
Se vivida só por nós
Mais um pouco dizes: não!
Quem dera estármos a sós...
Eu quero acesa a tua luz de presença
Vim trazer-te às escuras, nosso mapa de volta
O tempo que te foge a sete pés
O tempo que no fim não vale nada.
Também eu já
Estive sozinho
Entre tanto fel
Erva daninha
Brinda, por ti, por hoje e por enquanto
Finge, esquece, engana o desencanto
Também eu sei
Da raiva a nascer
Por tantos gritos
Ter que conter...
Também eu já
Senti não haver
Lugar ou espaço
Esperança para ter...
Sei lá!
Tanta sorte só me pesa
De viver na incerteza
Serei eu capaz de ser
Eu não sei
Viver a preto e branco, não
Eu já sei,
Nasci depois de tudo, de tudo
A minha sorte
Pode também ser tua
Eu vou seguindo regando o coração
Há gente rara que és tu
Há gente rara que sou eu
E deixar-me devorar pelos sentidos
E rasgar-me do mais fundo que há em mim
Emaranhar me no mundo e morrer por ser preciso
Nunca por chegar ao fim
Ninguém disse
Que o riso nos pertence
Ninguém prometeu nada
Fui eu que julguei que podia arrancar sempre
Mais uma gargalhada
Ninguém disse
Que os dias eram nossos
Ninguém prometeu nada
Fui eu que julguei que podia arrancar sempre mais uma madrugada
O corpo perdido
A alma naufragada
Para onde correr?
A quem abraçar?
Que ferida esquecer?
Por quem caminhar?
Mas tu só vais conseguir
Esta terra possuir
Se a pintares com
Quantas cores o vento tem
O que é que importa
A cor da pele de alguém
Já ouviste um lobo Uivando no luar azul ?
Tu dás valor apenas às pessoas
Que acham como tu sem se opor
Mas segue as pegadas de um estranho
E terás mil surpresas de esplendor
Se tu é que não vês em teu redor
Tu pensas que esta terra te pertence
Mas eu não posso crer
Não posso acreditar
Vem entender qual a cor do coração
Sente o calor no olhar de quem se dá
Uma vertigem de sentir
Só por mais um gesto
Que rasgue sem te ferir
Sou eu...
A falta que me fazes...
A falta que me fazes...
A falta que me fazes...
Quem te fala de viagens sempre á aventura?
Quem te põe em verso, como uma pintura?
Quem te vê perder, quem te vê ganhar?
Quem fica com frio se não te esperar?
Sou eu...
Sou eu...
Quem te vê partir, quem te vê voltar?
Quem chama por ti antes de chegar?
Quem te conta histórias para adormecer?
Quem te acorda antes do sol nascer?
Sou eu...
Sou eu...
Vagueias pela casa a horas mortas,
Num bailado de sombras, quase ausente,
Teus olhos franquiando essas portas
Que se abrem sobre a vida da gente.
Da tua boca bebo a imensa calma
Que embala e adormece o coração.
Quem pode recusar-te a confissão?
Quem pode assim esconder de ti a alma?
Discreto, misterioso e subtil,
Nos gestos, nas palavras, no olhar.
Toda a tua vida é um segredo,
Guardado no silêncio dos teus passos
Encontrar-me aqui
Guardar um segredo
A ver um gesto
P'ra regressar
Ter sempre no fim
Uma estrela
P'ra me guiar
Procuro um lugar
Onde anoitecer
A tocar o céu
Procuro um luar
Para lembrar o rumo
De um sonho meu
Quando vou por caminhos
Que só sei
Seguir por ti
Voltar de um sonho
Tornar a ver
Onde começo
Sem me perder
Quando vou por sentidos
Que só sei
Seguir em ti
Sentir o mundo
Em cada olhar
Pedir-te um gesto
Para me encontrar
antes de todas as mágoas
havia o mesmo luar
só eu cumpri a promessa
de cá voltar
sento-me em frente ao mar
olho para longe do fim
perdem-se barcos na espuma
não sei é dentro de mim
É um lugar encantado
entre o mundo e a solidão
onde se espreita estrelas
e a vida cabe nas mãos
Eu chorei baixinho
Para não me ouvir
Não vá o meu coração saber
Que eu vou-me embalando´
Só pra não sentir
A dor que tenho por te não ter
Eu falei baixinho
Para ninguém ouvir
As palavras foram
Com o vento
Eu vou-m embalando
Só pra não sentir
Que os segredos
Vão ganhando ao tempo