quarta-feira, 13 de junho de 2012
António Variações (Amares, 3 de Dezembro de 1944 - Lisboa, 13 de Junho de 1984).
António Variações é um dos ícones maiores da música Pop portuguesa; marcou e continua a marcar diversas gerações de artistas portugueses, pela genuinidade e emoção que emprestava às suas criações.
Nascido António Joaquim Rodrigues Ribeiro, em Dezembro de 1944, perto de Braga, sempre viveu com a música. Com 12 anos vai para Lisboa onde vive e trabalha durante alguns anos, até ir para Angola, em 1965. Em 1970, parte para Londres e conforme afirma mais tarde, não retira ainda deste contacto com outro país, o pleno proveito, ao contrário do que sucede em seguida, quando viaja, primeiro para Itália, em 1973 e depois, em 1974, para a Holanda.
Já nesta altura, António se dedicava a aprender e exercer a profissão de barbeiro, como fazia questão de marcar, porque o que lhe interessava mais era o corte e não o penteado. E é também o corte que marca a sua personalidade, o corte com os preconceitos, com o que é comum e consensual. Assim, abre a Barbearia “É pró Menino e prá Menina”, onde a sua imagem é notada pelas roupas invulgares, associadas à aparente serenidade do barbeiro.
Sem perder o rumo que norteava as suas ambições mais profundas de ser músico, em 1978 assina finalmente contrato com a Editora Valentim de Carvalho, mas passam 4 anos, algumas viagens mais, vários concertos e apresentações, até gravar o primeiro disco.
As letras das suas músicas, com raízes na sua terra natal, contam essa viagem, “entre Braga e NY”, a sua vontade de mudança, num país a mudar devagar e as suas interrogações pessoais. Entre 1982 e 1984, grava dois singles e dois LPs, tendo o último saído nos dias anteriores à sua morte, em 13 de Junho de 1984, dia de Santo António.
Sofia P. Trindade
Tens um globo nos pés
Que te põe a circular
Rodas-te de lés a lés
Na roleta de tentar
Rodas-te de lés a lés
Que há sempre alguém pra enganar.
Nos teus dedos a mexer
Pões o preço da beleza
Que é um favor da natureza
E tu andas-te a vender
Graça da mãe natureza
...Devias agradecer.
Ai minha pena
Que não te posso tocar
ai que dilema seres só regalo prà vista
ai minha pena
que não te posso alcançar
que pena não saberes dar
ai que pena seres vigarista.
Pões convites no olhar
e certezas no sorrir
teu corpo é uma ilha
pra onde eu queria fugir
cerco, prisão, armadilha
aonde eu queria cair.
Tens 1 globo nos pés
fria cabeça a girar...
que pena seres como és
perigosa forma de ser
que pena eu saber quem és
gostava de me perder.
Quando fala um português
Falam dois ou três
e o seu número a aumentar
São outros tantos a falar
Ai! São tantos a falar.
Quando fala um português
Falam dois ou três
Todos se querem escutar
Ninguém espera a sua vez
Ah! ninguém se quer calar
Pois que é um direito a respeitar.
Mas a conversa está a aquecer
Ai já estão a desconversar
Já ninguém se está a entender
Ai Já estão todos a gritar.
Quando fala um português
Falam dois ou três
Todos se querem escutar
Ninguém espera a sua vez
Ah! ninguém se quer calar
Pois que é um direito a respeitar.
Mas a conversa está a aquecer
Ai já estão a desconversar
Já ninguém se está a entender
Ai Já estão todos a gritar.
Ai que o insulto é de corar
A ameaça está no ar
E o punho está-se a fechar
Com tendência a piorar
E eu não paro de atiçar.
Já vejo o mar a crescer
Onda gigante a varrer
Só vejo corpos a boiar
Vejo a cidade a ruir
E o chão que se está a abrir
Só oiço gente a gritar
Ai, que eu estou a delirar
O que é que eu estou a inventar?
Não vos quis impressionar
São tudo fantasias que o cinema projectou no meu olhar
São as velhas profecias que o vidente deixou escrito para assustar
Já vejo a vida a fugir
Da força de resistir
Já não consegue respirar
Do céu eu vejo descer
O fim em cargas a arder
Já ouço a terra estoirar
Ai, que eu estou a delirar
O que é que eu estou a inventar?
Não vos quis impressionar
São tudo fantasias que o cinema projectou no meu olhar
São as velhas profecias que o vidente deixou escrito para assustar
Ai, que eu estou a delirar
O que é que eu estou a inventar?
Não vos quis impressionar
São tudo fantasias que o cinema projectou no meu olhar
São as velhas profecias que o vidente deixou escrito para assustar
Não vos quis impressionar
Não vos quis impressionar
Impressionar...
Impressionar...
Estava eu a pensar agora em ti
E tu aqui
Estava eu a pensar agora em ti
E tu aqui
E tu aqui, nem posso crer
Como vieste assim sem me dizer
E eu sem saber que tu ias chegar
Tenho andado tão triste a pensar
A pensar em ti
E tu aqui junto de mim
Estava eu a pensar agora em ti
E tu aqui
Estava eu a pensar agora em ti
E tu aqui
E tu aqui, mas que surpresa
Dá-me um abraço p'ra ter a certeza
Acreditar que tu não estás ausente
Realizar o meu sonho de sempre
De ter-te aqui
E tu estás aqui junto de mim
Estava eu a pensar agora em ti
E tu aqui
Estava eu a pensar agora em ti
E tu aqui
E tu aqui, estou tão contente
Julgar-te longe e ver-te de repente
A emoção que eu não quero ocultar
Esta visão que eu quero prolongar
Deixa-me olhar
Tu estás aqui junto de mim
Estava eu a pensar agora em ti
E tu aqui
Estava eu a pensar agora em ti
E tu aqui
Hey, Cara
Você parece doente
Ou anda com a saúde ausente
Decerto tem a testa quente
O mal será desse dente
Se não passa com aguardente
Vá à caixa e diga que é urgente
Lá há remédio pra toda a gente
Você foi imprevidente
Ou é muito impaciente
Faça cara de contente
Você vai ficar igual
Toma já um melhoral
Porque é bom e não faz mal
Além disso é legal
Toma já um melhoral
É o melhor e é legal
Toma um comprimido
Toma um comprimido
Toma um comprimido que isso passa
Toma um comprimido
Toma um comprimido
Toma um comprimido que isso passa
Eu sei que é nocivo
A isto e áquilo
Esquece isso pelo bem que faça
Eu sei que é nocivo
A isto e áquilo
Esquece isso pelo bem que faça
Você está muito pesada
Não diga que está inchada
Não há roupa que lhe sirva
Não há cinta que lhe valha
Já perdeu de todo a linha
Está a tempo de voltar a fina
É um milagre da medicina
Que é o avanço da aspirina
Tome e fique confiante
Vai ficar muito elegante
Isto é melhor que um purgante
Você vai emagrecer
Cuidado, não abusar
Mas se isso acontecer
Tome outro pra engordar
Cuidado não abusar
Não pare de controlar
Toma um comprimido
Toma um comprimido
Toma um comprimido que isso passa
Toma um comprimido
Toma um comprimido
Toma um comprimido que isso passa
Eu sei que é nocivo
A isto e áquilo
Esquece isso pelo bem que faça
Eu sei que é nocivo
A isto e áquilo
Esquece isso pelo bem que faça
Tu estás tão acorrentado
À sombra que tens ao lado
Não consegues apagar
As marcas desse passado
Que teimas em recusar
Mas a mistura da drogaria
E tens a cura para mais um dia
Descola a raiz do fundo
Ficas acima de tudo
Não sentes nada do mundo
Do mundo que te não quer
Cuidado, não abusar
Mas se isso acontecer
És mais um a flipar
Mas se tu queres acabar
Ó que tu queres é drunfar
Toma um comprimido
Toma um comprimido
Toma um comprimido que isso passa
Toma um comprimido
Toma um comprimido
Toma um comprimido que isso passa
Eu sei que é nocivo
A isto e áquilo
Esquece isso pelo bem que faça
Eu sei que é nocivo
A isto e áquilo
Esquece isso pelo bem que faça
Toma um comprimido
Toma um comprimido
Toma um comprimido que isso passa
Toma um comprimido
Toma um comprimido
Toma um comprimido que isso passa
Eu sei que é nocivo
A isto e áquilo
Esquece isso pelo bem que faça
Eu sei que é nocivo
A isto e áquilo
Esquece isso pelo bem que faça
Insiste
Toma um comprimido
Toma um comprimido
Toma um comprimido que isso passa
Toma um comprimido
Toma um comprimido
Toma um comprimido que isso passa
Fiz dos teus cabelos a minha bandeira
Fiz do teu corpo o meu estandarte
Fiz da tua alma a minha fogueira
E fiz, do teu perfil, as formas de arte
Fiz das tuas lágrimas a despedida
Fiz dos teus braços a minha dança
Deo o teu sentido à minha vida
E o grito dei-o ao nascer de uma criança
Todos nós temos Amália na voz
E temos na sua voz
A voz de todos nós
Dei o teu nome à minha terra
Dei o teu nome à minha arte
A tua vida à primvera
A tua voz à eternidade
Todos nós temos Amália na voz
E temos na sua voz
A voz de todos nós
A tua voz ao meu destino
O teu olhar ao horizonte
Dei o teu canto à marcha do meu hino
A tu voz à minha fonte
Todos nós temos Amália na voz
E temos na sua voz
A voz de todos nós
Dei o teu nome à minha terra
Dei o teu nome à minha arte
A tua vida à primvera
A tua voz à eternidade
Diz-me que solidão é essa
Que te põe a falar sozinho
Diz-me que conversa
Estás a ter contigo
Diz-me que desprezo é esse
Que não olhas para quem quer que seja
Ou pensas que não existes
Ninguém que te veja
Que viagem é essa
Que te diriges em todos os sentidos
Andas em busca dos sonhos perdidos
Uhhhhh...
Uhhhhh...
Lá vai o maluco
Lá vai o demente
Lá vai ele a passar
Assim te chama toda essa gente
Mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar (x3)
Diz-me que loucura é essa
Que te veste de fantasia
Diz-me que te liberta
Que vida fazias
Diz-me que distância é essa
Que levas no teu olhar
Que ânsia e que pressa
Tu queres alcançar
Que viagem é essa
Que te diriges em todos os sentidos
Andas em busca dos sonhos perdidos
Uhhhhh...
Uhhhhh...
Lá vai o maluco
Lá vai o demente
Lá vai ele a passar
Assim te chama toda essa gente
Mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar (x2)
Mas eu estou sempre ausente e não conseguem alcançar
Não conseguem alcançar (x3)
Rugas
ja começo a ter as primeiras rugas
Rugas
começam-me a nascer as primeiras rugas
Rugas de chorar
Rugas de sorrir
Rugas de cantar, começo a franzir
Rugas de chorar
Rugas de sorrir
Rugas de cantar
Rugas de sentir
Rugas....
Rugas
ja começo a ter as primeiras rugas
Rugas
começam-me a nascer as algumas rugas
Rugas de chorar
Rugas de sorrir
Rugas de cantar, começo a franzir
Rugas de chorar
Rugas de sorrir
Rugas de cantar
Rugas de sentir
Rugas....
Vou viver
até quando eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver
Amanhã, espero sempre um amanhã
e acredito que será
mais um prazer
e a vida é sempre uma curiosidade
que me desperta com a idade
interessa-me o que está para vir
a vida em mim é sempre uma certeza
que nasce da minha riqueza
do meu prazer em descobrir
encontrar, renovar, vou fugir ou repetir
vou viver,
até quando, eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver
amanhã, espero sempre um amanhã
eacredito que será mais um prazer
a vida é sempre uma curiosidade
que me desperta com idade
interessa-me o que está para vir
a vida, em mim é sempre uma certeza
que nasce da minha riqueza
do meu prazer em descobrir
encontrar, renovar vou fugir ou repetir
vou viver
até quando eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver,
amanhã, espero sempre um amanhã
e acredito que será mais um prazer
Não me consumas
Não me consumas
Não me consumas mais
Não me consumas mais
Pára de me consumir
Que tu abusas
Que tu abusas
Sempre cada vez mais
Não é fácil digerir
Pára de me consumir
Porque já estou farto
De ser o olfacto
Da tua laca e desse spray
Que é de uma marca que eu cá não sei
Ah, esses teus sais
Eu já não aguento mais
Estou enjoado do teu perfume
Esse extraído de um raro estrume
E com esse bac-stick
Não há nariz que não fique
Saturado de cheirar
Pára é de me gastar
Não me consumas
Não me consumas
Não me consumas mais
Não me consumas mais
Pára de me consumir
Que tu abusas
Que tu abusas
Sempre cada vez mais (2x)
Não é fácil digerir
Pára de me consumir
Não sou coisa nova
Para a tua moda
Não sou a trança do teu penteado
Nem o cabide do teu novo fato
Sempre gostaste de ser
A cópia do geral parecer
Não sou o espelho da tua vaidade
Nem a pastilha do teu à vontade
Não, comigo não
Não sou canal de televisão
Creme de noite, creme de dia
Um que endurece, outro que amacia
Tratas muito da fachada
Por dentro não tratas nada
Não me consumas
Não me consumas
Não me consumas
Na lama
Se me quiseres conhecer
É la contigo
Se me quiseres encontrar
Vou ter prazer em vir tomar chá
Estou no lado
Estou no sítio
Mal afamado
E estou esquisito
Se me quiseres voltar a ver
É la contigo
Se me quiseres voltar a encontrar
Terei prazer em vir tomar chá
Estou no lado
Estou no sítio
Mal afamado
E estou esquisito
E é lá que eu vou estar
Até te escutar
E é lá que eu vou estar
Até te escutar
Se me quiseres recordar
É lá contigo
Se me quiseres repetir
a fazer par ou mesmo a dividir
Estou no poço
não reprimido
é bem perigoso
estou comigo
E é lá que eu vou estar
Até te escutar
E é lá que eu vou estar
Até te escutar
Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se a vida em ti a latejar
Ver-te sorrir eu nunca te vi
E a cantar, eu nunca te ouvi
Será te ti ou pensas que tens... que ser assim
Ver-te sorrir eu nunca te vi
E a cantar, eu nunca te ouvi
Será te ti ou pensas que tens... que ser assim
Olha que a vida não, não é nem deve ser
Como um castigo que tu terás que viver
Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se a vida em ti a latejar
Já não sou quem era
Meus sonhos não são iguais
Já não sou quem era
A hora é sincera
E eu sinto que me estou a agitar
Já não fico à espera
Já não fico à espera mais
Já não fico à espera
De ver acender
Essa luz que me quer ofuscar
Já vejo com os meus olhos
Já vejo sem me deslumbrar
Já vejo as limitações
Já vejo com os meus olhos
Já vejo sem enganar
Perdi as ilusões
Conheço as limitações
Já não sou quem era
Meus sonhos não são iguais
Já não sou quem era
A hora é sincera
E eu sinto que me estou a agitar
Já não fico à espera
Já não fico à espera mais
Já não fico à espera
De ver acender
Essa luz que me quer ofuscar
Já vejo com os meus olhos
Já vejo sem me deslumbrar
Já vejo as limitações
Já vejo com os meus olhos
Já vejo sem enganar
Perdi as ilusões
Conheço as limitações
Já não sou quem era
Meus sonhos não são iguais
Já não sou quem era
A hora é sincera
E eu sinto que me estou a agitar
Foste a razão da viagem de umas férias para fugir
Foste a razão da viagem de umas férias para fugir
Encontrei-te na paragem, no descer e no subir
Dei o teu nome a toda a gente e a todos te quis chamar
Dei o teu nome a toda a gente e a todos te quis chamar
Dei a tua voz ao vento e ao movimento do teu andar
Foste a frescura da minha sede
Andei contigo na minha mão
Foste a frescura da minha sede
Andei contigo na minha mão
Pintei a boca de rosa e verde
Foste o gelado do meu verão
Foste a sombra do momento, tentação a experimentar
Foste a sombra do momento, tentação a experimentar
Foste a luz do salvamento do regresso ao meu olhar
Tu foste em todas as formas um país que eu nunca vi
Tu foste em todas as formas um país que eu nunca vi
Velho sonho dos meus olhos e eu só te vi a ti
Foste a frescura da minha sede
Andei contigo na minha mão
Foste a frescura da minha sede
Andei contigo na minha mão
Pintei a boca de rosa e verde
Foste o gelado do meu verão
Teu corpo minha toalha, foste o Sol da minha cor
Teu corpo minha toalha, foste o Sol da minha cor
Foste o mar da minha praia, tu foste o meu bronzeador
Foste a frescura da minha sede
Andei contigo na minha mão
Foste a frescura da minha sede
Andei contigo na minha mão
Pintei a boca de rosa e verde
Foste o gelado do meu verão
Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P'ra não chegar tarde
Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão
Vou continuar a procurar a quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só
Quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar
Vou continuar a procurar o meu mundo, o meu lugar
Porque até aqui eu só
Só eu sei que sou terra
Terra agreste por lavrar
Silvestre monte maninho
Amora fruto sem tratar
Só eu sei que sou pedra
Sou pedra dura de talhar
Sou joga pedrada em aro
Calhau sem forma de engastar
A interpretação é o que quiserem dar
Não tenho jeito p'ra regatear
Também não sei se eu a quero aumentar
Porque eu não sei
Porque eu não sei se me quero polir
Também não sei se me quero limar
Também não sei se quero fugir
Deste animal, deste animal
Também não sei se me quero polir
Também não sei se me quero limar
Também não sei se quero fugir
Deste animal, que anda a procurar
Só eu sei que sou erva
Erva daninha alastrar
Joio trovisco ameaça
Nas ervas doces de enjoar
Só eu sei que sou barro
Difícil de se moldar
Argila com cimento e saibro
Nem qualquer sabe trabalhar
Em moldes feitos não me sei criar
Em formas feitas podem-se quebrar
Também não sei se me quero formar
Porque eu não sei
Porque eu não sei se me quero polir
Também não sei se me quero limar
Também não sei se quero fugir
Deste animal, deste animal
Também não sei se me quero polir
Também não sei se me quero limar
Também não sei se quero fugir
Deste animal, que anda a procurar
Porque o nosso amor
É um amor de conserva
Que nós temos de reserva
Prós dias que hão-de vir
Porque o nosso amor
Entrou naquela rotina
A cumprir aquela sina
Que o fez começar
Porque o nosso amor
O nosso amor
Conserva
O nosso amor
Porque o nosso amor
É uma voz que desafina
Que sabe que nunca atina
Mas que não se quer calar
Porque o nosso amor
É um amor de conserva
Que nós temos de reserva
Prós dias que hão-de vir
Porque o nosso amor
O nosso amor
Conserva
O nosso amor
É um amor de conserva
Tenho maneira de te convencer
Tenho modo e jeito para te prender
Tenho maneira de te convencer
Tenho modo e jeito para te prender
Vais perder a confiança
Vais perder a segurança
Que tu tens em ti
Olha bem p'ra mim
Não podes fugir
Não podes fugir
Não vais conseguir
Não vais resistir
Começa a sorrir
Tu estás dentro da minha teia
De onde não podes fugir, não
De onde não podes fugir, não
A culpa não, não é do sol
Se o meu corpo se queimar
A culpa não, não é do sol
Se o meu corpo se queimar
A culpa é da vontade
Que eu tenho de te abraçar
A culpa não, não é da praia
Se o meu corpo se ferir
A culpa não, não é da praia
Se o meu corpo se ferir
A culpa é da vontade
Que eu tenho de te sentir
A culpa é da vontade
Que vive dentro de mim
E só morre com a idade
Com a idade do meu fim
A culpa é da vontade
A culpa não, não é do mar
Se o meu olhar se perder
A culpa não, não é do mar
Se o meu olhar se perder
A culpa é da vontade
Que eu tenho de te ver
A culpa não, não é do vento
Se a minha voz se calar
A culpa não, não é do vento
Se a minha voz se calar
A culpa é do lamento
Que sufoca o meu cantar
A culpa é da vontade
Que vive dentro de mim
E só morre com a idade
Com a idade do meu fim
A culpa é da vontade
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