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domingo, 23 de dezembro de 2012

Eu tenho dois corações
Já me não podem bastar
Atrás das formigas
Horas que passei

Tens mãos macias de gato
Meio manso meio bravio
Olhas às vezes regato
Outras mar e outras rio
Quem conseguir esquecer
Que veio cá para morrer
É mais feliz do que eu
Faça eu o que fizer
Não posso deixar de ver
Morrer tudo o que nasceu
Quando alguém gosta d'alguém
É de nós que não gostamos
Perde-se o sono por quem
Perdidos de amor andamos


Os teus lindos olhos pretos
Teus olhos de negro olhar
Olham-me tão inquietos
Que me andam a inquietar
Meu coração sem direito
De bater tão apressado
Anda dentro do meu peito
Onde não cabe coitado
E o meu coração
Na palma da mão
Deixei-o ficar
Caiu-me no chão
Meus olhos são p'ra chorar
Meu Coração p'ra sofrer
Minhas mãos para fechar
Meu corpo para morrer


Quem sou eu para dizer
Quem sou eu para o saber
Nem sei se sou ou não sou
Ninguém pode conhecer
Isto de ser e não ser

Gosto de te ver assim
Gosto de ti ao meu lado
Mas tu não gostas de mim
E andas muito afastado


Fiquei à espera de ti
E parou-me o coração
Mas tu deixaste-me aqui
Com a minha solidão

Solidão
Campo aberto
Campo chão
Tão Deserto
É meu destino
Se o desgosto é pequenino
Eu aumento-lhe o tamanho

Viver é estar-se perdido
Não sei se o terei ouvido
Se o li ou inventei
A vida tenho passado
Alegre triste a chorar
Tem sido vário o meu fado
Mas constante o meu penar

Se o desespero ensinasse
Eu já sabia viver
Talvez alguém me pagasse
O que me anda a dever
Tantas coisas que já li
Outras tantas que vivi
Fazem de mim o que sou
Ai se eu tivesse esquecido
Tudo o que tenho vivido
E o coração decorou
Contigo fica o engano
Como havia de ficar
Mas eu que no meu pensar
Não fazia mal cantar
Cantava e não me calava






Amor pecado
Amor de amor
Amor de mel
Amor de flor
Amor de fel
Amor maior
Amor amado







Cá por dentro da cabeça
Vazia como eu a tenho
Por estranho que me pareça
Atendendo ao seu tamanho


Tenho no peito
Um pássaro encantado
Que anda sem jeito
A mim amarrado
Tenho um amor
Que não posso confessar
Mas posso chorar