Tu e eu meu amor
Meu amor eu e tu
Que o amor meu amor
É o nu contra o nu.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Meu amor é marinheiro
Meu amor mora no mar.
Meu amor disse que eu tinha
Na boca um gosto a saudade
E uns cabelos onde nascem
Os ventos da liberdade.
Afoga empenhos favores
vãs glórias, ocas palmas
leva o poder dos senhores
que compram corpos e almas
Ninguém pode calar a voz da liberdade
Sou barco abandonado
Na praia ao pé do mar
Senhor, eu não sei rezar
Nem mesmo em pensamento
Nem mesmo em pensamento
Dai-me fé para eu te amar
Aliviar meu tormento.
Dai-me fé para eu te amar
Aliviar meu tormento.
Foi-se a noite da mentira
Veio o dia do combate
Porque os outros se mascaram mas tu não
Deita na água essa amargura
Anda comigo vamos cantar.
foi prisioneiro
mas servo não
Meu pensamento
partiu no vento
podem prendê-lo
matá-lo não
A minha boca é um cravo
Na tua boca desfeito.
Que vem o Sol cá fazer
Que vem
Que vem o Sol cá fazer
Vai, todo se ufana, de ir tão bem montado.
E ela da janela, seja Deus louvado,
Seja Deus louvado,
Seja Deus louvado.
Perdi a sacola mais o que trazia
Não sirvas quem te despreza
É tua a tua nação.
Há dias
Em que não cabes na pele
Com que andas
Parece comprada em segunda mão
Um pouco curta nas mangas
Venho da terra assombrada
Do ventre da minha mãe.
Não pretendo roubar nada
Nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui.
Que eu nem sequer fui ouvido
No acto de que nasci.
Trago a minha vida presa
Às promessas que morreram.
Ninguém conhece no rosto
O que a nossa alma inspira.
A vida é gosto e desgosto
Mentira tudo mentira.
Venho dizer-vos que não tenho medo
A verdade é mais forte que as algemas.
Erguem-se muros em volta
do corpo quando nos damos
amor semeia a revolta
que nesse instante calamos
Deus, te guie por bem.
Deus, te guie por bem.
E alegre se fez triste como se
chovesse de repente em pleno Agosto
Como hei-de amar serenamente
Se sabedes novas do meu amigo
É que venho perguntar:
Coração
que tens e sofre
longas ausências mortais
Quem poderá domar este tropel
Do pensamento à flor da pele?