Nenhum objecto material, por muito belo ou valioso que seja, nos faz sentir amados.
Pode-se dizer que o amor é amizade sem freios.
O amor faz-nos suportar o destino, faz-nos amar a vida.
Nós, seres humanos, somos animais dependentes do amor.
Apenas há uma forma de se ser feliz na vida: amando e sendo amado.
Ser ou não ser, eis a questão.
O que é mais nobre? Sofrer na alma
As flechas da fortuna ultrajante
Ou pegar em armas contra um mar de dores
Pondo-lhes um fim? Morrer, dormir
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?
Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Contra nós um coração duro não useis.
Os dias dos seres humanos são como a erva: como a flor do campo assim florescem, mas mal o vento sopra, logo deixam de existir, e o seu lugar não mais conhecem.
Abençoado seja o que inventou o sono, a manta que cobre todos os pensamentos humanos, o alimento que satisfaz a fome, a bebida que apazigua a sede, o fogo que aquece o frio, o frio que modera o calor, e, finalmente, a moeda corrente que compra todas as coisas, e a balança e os pesos que igualizam o pastor e o rei, o ignorante e o sábio.
Pequena alma errante, hóspede e companheira do corpo, para onde irás tu agora, pálida, rígida e nua, sem poderes brincar como dantes?
Pobre, intrincada alma! Enigmática, perplexa, labiríntica alma humana!
A vida é nada, a vida é tudo. É a mão com que seguramos a morte.
Da escuridão chegámos, para a escuridão vamos.
Quem tais fardos suportaria
Preferindo gemer e suar sob o peso de uma vida fatigante
A não pelo medo de algo depois da morte
Esse país desconhecido de cujos campos
Nenhum viajante retornou, e que nos baralha a vontade
E nos faz suportar os males que temos
Em vez de voar para o que não conhecemos?
A vida, acredita, não é um sonho
Tão negro quanto os sábios dizem ser.
Frequentemente uma manhã cinzenta
Prenuncia uma tarde agradável e soalhenta.
Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.