Aconteceu Chama-lhe sorte ou azar Eu não estava à tua espera E tu voltaste a passar
Olhei para ti O mundo inteiro parou Nesse instante a minha vida A minha vida mudou
Aconteceu Eu não estava à tua espera E tu não me procuravas Nem sabias quem eu era
Nasci p'ra ser ignorante
Entre o céu da tua boca E a luz do céu de Lisboa
E todo o ouro do mundo Escolheria o que é teu Não hesitava um segundo
Em cada noite morre o amor Que a solidão faz-se maior Mal amanhece e volta o medo que anoiteça
Como esta febre me destroí Perdido amor quanto me doi Desceste em mil cruel manto de tristeza
Ah como fugi do rumor De passos que no corredor Induzem na minha alma a dor da esperança vã
Não fui eu Não fui eu Não deixei a porta aberta
E há que ter alguns cuidados / Porque bússola não há E baralham-se os sentidos / Se andamos ao Deus-dará
Não tenho nada com isso Alguém que quebre este enguiço Que eu não respondo por mim
E já estou, quase a trocar o mal pelo bem e o bem pelo mal Se isto é fado, não é um fado normal
Nem sei se estou em Lisboa Será que é Tóquio ou Berlim? Tu não me olhes assim!
Queria poder dizer O que essa voz me diz
Não há vocábulo maior Nem força do universo P'ra traduzir esse verso Que confunde amor e dor
Na minha vida Nada dá certo Mais um amor Que de findar me está tão perto
Pois sem uma simples queixa Eu vou voltar aos teus braços Para se cumprir nosso fado
Mas se em sorte me coubesse O coração resgatar Que em teus olhos se perdeu
Hoje tudo é triste em mim Como se toda a tristeza Emanasse o meu peito
Mas mais triste que as demoras É saber que não vens mais
Guarda-me a vida na mão
Desculpa de não ser como tu queres De ser o lado errado entre nós
Desculpa não ser mais p'ra te oferecer No tudo que te dou e que é tão pouco
Desculpa a pequenez que me apequena Aos teus olhos penetrantes
Desculpa por te olhar aquém do pranto Que dos meus olhos corre ao estarmos sós
Creio que o amor que tem asas de ouro.
Não te via há quase um mês Chegaste e mais uma vez Vinhas bem acompanhado; Sentaste-te à minha mesa Como quem tem a certeza Que somos caso arrumado
Então está tudo dito meu amor
Aceita este pensar Desperta tudo o que eu sou Regresso ao teu amor Depressa, a certeza chegou Adoras Amamos Demoras Enganos E ainda vou ser feliz Nos braços do meu amor
Assim amigo já vez que a poesia não é só caligrafia, são coisas do sentimento!
Amor meu de quem sou eu agora
Passa um velho a pedir Incapaz de sorrir pelos passeios Um travesti que quer Assumir-se mulher sem receios